Dispraxia do Desenvolvimento – Práxis é fazer!

A Dispraxia do Desenvolvimento é uma disfunção de integração sensorial que interfere com a habilidade de ideação, planejamento e execução de tarefas motoras não habituais. Portanto, não está relacionada a problemas neuromusculares ou neuromotores.

A palavra desenvolvimento refere-se ao início das dificuldades que começam nos primeiros anos de vida da criança, e afeta seu desenvolvimento à medida que ela cresce.

A Dispraxia tem como base as desordens nos sistemas sensoriais: tátil, vestibular, proprioceptivo. Em alguns casos o sistema visual também está envolvido. Conquanto, nós não podemos ver uma pobre integração sensorial, mas podemos ver uma pobre coordenação motora. Ou seja, nós não podemos ver o real problema, mas podemos ver a manifestação física dele.

Dessa forma, para melhor ajudarmos essa criança, é importante considerar de que forma seu cérebro está processando as informações sensoriais. Uma vez que, é a Integração Sensorial que faz com que as informações oriundas dos sentidos tenham significado para nós. Contudo, que nos permitam agir de forma eficiente sobre o meio externo.

Uma criança com Dispraxia tem uma pobre consciência do seu corpo e do que pode fazer com ele. Assim, ela não consegue perceber as affordances (oportunidades, convites) do ambiente ao seu redor. Posto que, muitas vezes, na tentativa de engajar-se numa brincadeira, a criança se frustra por não perceber como fazer.

Práxis é fazer!

É a base para lidar com o mundo físico de maneira adaptativa, práxis é para o mundo físico o que a fala é para o mundo social.

Dificuldades com o desenvolvimento da práxis implicam no desempenho de atividades funcionais do cotidiano. Todavia, tratando-se de crianças, afetam as habilidades de brincar, atividades de vida diária, aprendizagem e inclusão escolar. Consequentemente, dificultando as habilidades de participação social.

Como exposto acima, uma boa práxis depende de um bom processamento sensorial.  Que por sua vez, influencia o brincar: a principal ocupação da infância e a base para interação efetiva da criança com o mundo social e físico. Sobretudo, em retorno as experiências oriundas do brincar que influenciam o desenvolvimento do processamento sensorial, numa interdependência necessária ao desenvolvimento infantil.

A seguir, confira sinais e sintomas de uma criança que apresenta problemas de práxis.

É Importante salientar que a maioria destes sinais apresentam-se quando a criança é convidada a fazer algo não familiar, ou fazer algo familiar de um novo jeito.

A criança:

  • Parece desajeitada ou desastrada?
  • Não gosta ou evita participar de esportes ou outras atividades físicas?
  • Tem dificuldades de ter novas ideias ou saber como brincar com os brinquedos?
  • Tende a escolher as mesmas brincadeiras ou atividades?
  • Parece fazer as coisas de forma ineficiente, ex: adicionando passos ou excluindo-os das atividades?
  • Tem dificuldade de começar ou terminar atividades? o Mostra dificuldades de transição de uma atividade para outra?
  • Tem dificuldade em manter seus objetos organizados, como sua mesa de estudo ou quarto?
  • Parece “propenso a acidentes”, tem tendência a cair e/ou esbarrar nas coisas?
  • Leva mais tempo do que outras crianças para aprender habilidades como calçar sapatos, se vestir, escrever letras e números, segurar uma bola no ar?
  • Age de maneira “mandona” com outras crianças, direcionando as atividades para que possa ter controle da situação?

Observando um ou mais dos sintomas acima descritos, busque por uma avaliação de um Terapeuta Ocupacional com certificação internacional em Integração Sensorial.

Referências:

AYRES, A.J. Sensory Integration and the child. Los Angeles: Western Psychological Services; 1979.

AYRES, A.J. , CERMAK, S.A. Ayres Dispraxia Monografh. 25. Ed. California: Pediatric Therapy

Network; 2011. MAILLOUX, Z., SCHAAF, R. C. Clinician’s Guide for Implementing Ayres Sensory Integration: Promoting Participation for Children With Autism. AOTA Press, 2015.